Indicação de filme : Segredo de sangue

Agora sempre postaremos dicas de filmes e músicas para vocês assistirem e ouvirem. Hoje vou falar do filme "Segredo de Sangue"que acabei de assistir. Quem gosta de suspense deve alugar, o filme todo é expectativa, chega até a ser maluco e dar raiva, pois tem muito suspense.

História  


Segredos de Sangue (Stoker) parte de um subgênero familiar ao público ocidental, o dos romances de formação, para contar a história de India Stoker (Mia Wasikowska). Como outras heroínas virgens de Park, a adolescente passará por uma transformação ao longo do filme - e ela não vê a hora de chegar. "Ser adulto é ser livre", diz, com a saia ao vento. Por mais que pareça fria à primeira vista, India já tem uma noção do sexo, do seu potencial libertador, mas não tem ainda noção da violência.
Isso se resolve, numa espiral de tretas geracionais e traumas mal resolvidos, a partir do dia do funeral do pai de India, quando ela descobre ter um tio, Charles (Matthew Goode). O parente resolve ficar, para satisfação da viúva, Evelyn (Nicole Kidman). Enquanto India conta impaciente os dias para a vida adulta, Evelyn quer parar de envelhecer - um conflito que a beleza à Dorian Gray de Charles (quantos anos ele tem? 25? 40?) vem para deflagrar.
Não é por acaso que, já no nome, Segredos de Sangue se parece com o filme anterior de Park, Sede de Sangue. A aranha subindo pela perna, a música a dois enquanto os martelos batem na cauda do piano, o cinto que é ao mesmo tempo falo e chicote - tudo remete à relação da violência com o sexo. Como um Conde Vlad viajante, depois de drenar o que o cinema fantástico coreano podia lhe dar, Park chega aos EUA jogando com o imaginário local (espingardas, sobrados, playgrounds) numa sedução que começa devagar antes de dar num dos seus característicos banhos de sangue.
Park se acha à vontade para fazer essas relações porque em Hollywood o sexo sempre se confundiu com o proibido, o ilegal, e talvez seja por isso que Segredos de Sangue, embora estilizadíssimo, não nos dê a impressão de ser um filme "estrangeiro". Na verdade, há ali muito do que nos acostumamos a ver nos thrillers eróticos americanos, em particular o jogo de poder que mulheres exercem sobre homens nesse tipo de filme.
Mas Mia Wasikowska não é Sharon Stone, e Park Chan-wook não é Adrian Lyne. Os melhores momentos são aqueles em que uma certa fantasmagoria, muito comum no cinema coreano, se impõe no filme. A magra e branca Mia Wasikowska obviamente se presta ao papel de espectro, e quando Park a enquadra no alto do escorregador (a relação de poder, em escadas, de cima pra baixo, é literal ao longo do filme) ou no gira-gira como se ela estivesse voando e assombrando seu pretendente, aí sim Segredos de Sangue soa estranho aos nossos olhos, uma estranheza bem-vinda.
É como se Park achasse uma forma de transformar em filme, nessa história que vai de fantasmas a femmes fatales, essa aproximação que ele faz entre os fetiches do cinema coreano e os do cinema americano.

Trailer








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