"Olha, já faz algumas semanas que as coisas estão bem complicadas por aqui. Não é por nada não, na verdade é por tudo. Por toda essa saudade, por todos os questionamentos e por todos os por quês que tem dançado dia e noite na minha mente buscando por respostas que não chegam, por chamadas que não acontecem ou por um despertar na ilusória esperança de isso tudo não passar de um longo e torturante sonho. Meu coração parece que foi amassado de uma maneira tão forte que, agora em estado amarrotado, tem doído de modo que chega a ser uma surpresa o fato de que eu esteja conseguido suportar.
Julgue como drama, como insensatez ou como quiser. Quem está sentindo sou eu, e só eu posso mensurar o quão esta situação é inapropriada para mim que sempre faz de tudo para transformar a nossa relação na felicidade existente, ampla e duradoura.
Antes, a sensação de tê-lo comigo ainda que estivéssemos longe (como na hora do trabalho, na hora do futebol com os amigos, ou em qualquer outro momento), era pacífica, gratificante e até mesmo prazerosa. Uma mensagenzinha sequer que representasse a sua presença, era algo tão incrível que nem consigo explicar. Já hoje, estou tendo que conviver com sua ausência em todos os aspectos atormentando os meus dias e me fazendo abraçar a saudade como a única maneira possível de tê-lo por perto: através das lembranças.
Quando vou dormir, lembro-me dos seus “boa noites” verbalizados por aquela voz que já imprimia todo o cansaço do dia, seguido por um “eu te amo” que me fazia sorrir enquanto respondia que também o amava. Quando acordo, lembro-me de quando amanhecíamos juntos debaixo do mesmo cobertor nos finais de semana em sua casa. E assim, uma lembrança vai ativando outra, outra e mais outra e quando me dou conta, dentro da escuridão das minhas pálpebras, encontro-me presa em seu cheiro, guardada em seu abraço, hipnotizada no seu olhar vago ou tentando ouvir no silêncio da minha caverna o som da sua risada. Ultimamente eu tenho sido feita de lembranças de momentos que fazem doer.
E sinceramente? Quem me vier dizendo que isso logo vai passar, eu vou dizer que não quero que passe. É isso mesmo. Dessa vez não. Não agora. Porque eu sempre tive o desejo de encontrar a pessoa certa e escrever um para sempre que existisse de verdade. Mas para que isso um dia aconteça, eu também preciso ser de verdade. Então chega de acelerar meus sofrimentos e me dar uma falsa garantia de que de fato estou "superando” tudo.. , porque a verdade é que ainda está tudo emperrado e eu estou com a garganta cheia de nó. Acho que depois dessa, finalmente conclui que sofrer também é importante.
É verdade que tudo passa, mas é verdade também que a gente adora fazer as coisas andarem mais depressa do que elas realmente devem, e talvez seja aí que esteja o grande erro.Então se vai passar, que passe no momento certo. Porque deixar para lá pessoas, sentimentos e histórias que por tanto tempo adocicaram o nosso coração nem sempre é simples e fácil como parece ser quando alguém chega e nos diz: “Ah, deixa pra lá! Vai ser melhor assim.” Às vezes a gente precisa é sentir na pele mesmo.
Portanto, agora eu vou ficar aqui, quietinha no meu canto, sem causar espantos, e lidando com os sussurros dos meus prantos. Acho que daqui pra frente, antes de eu firmar um novo compromisso, eu vou realmente precisar entrar em um relacionamento sério, só que comigo mesma. "
Texto adaptado do blog: http://isabelafreitas.com.br/
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